segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Cotidiano-incomum

Caminhando por uns dias me deparei com questões fundamentais para o cotidiano. Como amar mais? Como ser tolerante? Como ser tão generoso ao ponto de doar a própria vida? Já nem sei em quantos “COMO” e “PORQUÊS” me recordei esta noite.  Penso que essa ideia de novo ano está mexendo comigo.  Acho que o natal está querendo ser algo a mais...
Casas enfeitadas, janelas iluminadas, presentes comprados, mas uma vida bagunçada. Assim que vejo as casas ao caminhar pelas ruas ou pelo menos imagino que a grande maioria assim seja, infelizmente. Não entendo como podemos viver por tantos anos, praticando os mesmo “rituais” e mesmo assim vivendo-os em vão. Acabamos não colocando o verdadeiro sentido nisso tudo.
Todo ano vivemos as mesmas coisas, temos tudo marcadinho, um calendário perfeito para quem tem preguiça de fazer sua história acontecer. Dia da árvore, dia do índio, dia da independência, que não sei para quê comemoramos, pois não somos independentes, isso é fato. Engana-nos a história com essa afirmativa. Temos dia para tudo, menos para fazermos o que queremos. E tantos outros dias que criamos para suprir...só não sei ainda qual necessidade.
Agora o Natal, mas que natal? Dos presentes e das roupas novas? Ou o natal para uma nova vida, um renascimento, um nascimento daquele que tanto amou? É vão-se embora as palhas e ficam apenas o ouro... Estamos sem um verdadeiro pedido. Vamos comemorar um aniversário de um desconhecido, pois muitos de nós não nos importamos em conhecê-lo. Natal apenas por ser natal? Natal do papai Noel? Espero que não caiamos nesse engano...
O Novo ano se aproxima e o que vamos querer para ele? Acredito que tudo que queremos e prometemos sempre esquecemos de cumprir, de correr atrás. Quanta espera por fogos de artifícios... que não passarão em segundos, de luz para fumaça. “Todos de branco, querendo paz”, mas fazemos guerra em casa por um pedaço do nosso doce que comeram sem “permissão”.
Que a música comece a tocar, que o frango seja posto a mesa, pois quem me obrigará a comprar um peru. Quero ser a diferença. Não quero uma arvore de natal, quero o verdadeiro Ser essência. Quero abraços empacotados em belas caixas para presente, quero sorrisos novos, amor de sobra e a alma solta pelo mundo afora. É. Esse ano já escrevi bastante, eis o momento da despedida, mais um natal acontece. Um novo ano há de aparecer. Espero que nossas vidas sejam diferentes no ano que vem.
Curtamos os últimos dias, por que os primeiros do novo ano já estão chegando. Vivamos sem pressa, mas vivamos tudo de uma vez... devagar. Desejo tudo de bom. Todas as energias boas. Voltarei com novas postagens dia 03.02.14......abraços!!
Evoé!!!!

por Brenda Oliveira.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Talvez seja o inferno, talvez só a necessidade de escrever

Óh... Horrendas almas fétidas que se escondem na sua mesquinhez, com rostinhos finos e delicados, que não passam de escarros da alma.
Loucura da sanidade, insistir em ser perfeita, boazinha, sem espaço para a dor e histeria. A bolha em que vivemos às vezes explode e acabamos por deixar sangue espalhado por ai. Mas esse sangue não pertence a vós. Não vos ofenda pelo respingo, pois o ferimento, a dor, a morte virão sobre mim.
Óh... Sorrisos podres que se revelam a mim todos os dias. Cansados estamos de tanta zombaria. Do requinte na ameaça, do poder que não tens. Parecemos não ter alma, mas temos algo além dos ligamentos, músculos, articulações... Lesionamos o que temos dentro, ferimos além da matéria, amamos mesmo na miséria, na falta de amor.
Aprisionei a muito tempo os lobos que moravam em mim, a maioria morrera. Aos poucos só haverá loucura e delicadeza, cheias de grades secas, dentro de mim. Ouvirei o ruído sofrido, o pavor em todas as vezes que minto.
Eu não pertenço a mim. O meu lugar... ainda é um despertar.

 por Brenda Oliveira.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Estamos cercados...Não estamos armados, mas querem nos prender

                 Chega!! Chega de dizer como devemos caminhar, o que devemos amar e até que ponto devemos ser nós mesmos. Espero viver como eu quero, acreditar e defender aquilo que possa parecer incerto, mas que é verdade para mim.
                     Rótulos!! Rotule os seus conceitos, os meus não tem descrição, parecem não ter razão, nem fundamento, mas tem raízes e não surgiram do nada. Eu sou alguém.
                    Não me agrida!! Não sou saco de pancada, nem gosto de pancadaria. Se não agrado o seu mundo cult, ‘Paciência’...a vida é tão plena. Sorria então das minhas bobagens e ironias. Espero que eu não incomode, mesmo sabendo que isso é impossível. 
                    Liberdade!! É um grito que eu não deixo ninguém abafar, é a minha alma a falar, sem censura. Para que polícia se não sou bandida? Para que prisão, se a única coisa que mato é a mim mesma e as minhas palavras?
                   Ora...quantas vezes caminho pelas ruas e vejo pessoas nuas, vivendo a liberdade de serem só luz em uma noite escura. Quantas passadas em possas d’água fizeram de nós pessoas livres e humanas. Doces e rudes, quando preciso.
                   Novos tempos em que invejo a noite, odeio a lua, por saber que só ela poderá desfrutar deste momento de solidão tão pura, olhando o mar, sem ‘ninguém’ para amar, mas amando o mundo. Amando as águas que me tranquilizam e que me atormentam.
                   Eu paro!! Paro e vejo tudo e nada ao mesmo tempo, não consigo filtrar meus pensamentos, por terem tantas informações, culpas e emoções, que por vezes nem lembro. Não lembro de quando amei pela última vez, de quando chorei pela terceira e de quando odiarei pela primeira. Tudo é imprecisão.
                 Quase sempre me pergunto por que a infância se vai? Porque não posso parar o tempo? Sempre quero entender a vida, mas a vida não tem entendimento, é um abismo solto ao vento, é um sorriso a meia noite, que se desfaz.
                  Por isso, peço que pare!! Pare de viver por mim, pare de tentar entender o que nem eu entendo. Pare! ou Siga! Não sei até que ponto vai a sua ousadia. Não quero ser a censura que tanto odeio quando usam em mim, então fale, critique, odeie, ame, faça o que quiser. Seja livre, mas me deixe saborear a minha liberdade também.
                  Não quero!! Não quero e não aceito a prisão perpétua, preferiria mil vezes a pena de morte, do que a escuridão sem a luz da lua e das estrelas, do que o dia sem luz, sem o sol. 
                   É claro que não quero que minta para mim, mas isso não significa que preciso saber tudo o que pensa, tudo o que pra você pareça ser verdade. Aí você deve se perguntar: ‘quem ela pensa que é?’
                Eu irei rir bastante, por que eu não sei quem sou, ou sei e prefiro me esquecer um pouco, ou sempre, ou por algumas vezes. Neste instante, peço que não se engane ao tentar entender quem eu sou.
            Calma! É preciso calma, quando se quer conversar com alguém. Eu talvez até precise de um alguém, mas não se iluda, talvez ele não seja você. Ai...Não venho falar de romance, falo de conversa, palavras em transe, perguntas que eu não pude fazer, respostas que você não me deu.
                Agradeço!! Sua alma madura, a sua ternura e a raiva que poderá sentir.
                Desculpe-me!! Por não ser mimada, não ser princesa, não ser fada e por acreditar que tenho total direito de ir e vir, de gritar e calar, sorrir e chorar, de “ser ou não ser”, pois essa é a questão.

Brenda Oliveira.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Somos todos coloridos neste enorme “teatro de animação”


Imagem: “Figuras coloridas”
Autor: José Branco

Muito palco. Muita luz. Pés no chão, alma flutuante. Sonhos coloridos, mas realizações concretas em preto e branco.
Ao nascermos trazemos conosco... Trazemos conosco? Não trazemos nada. Chegamos vazios e perdidos. Chorando por termos sido expulsos do lugar que era só nosso. Lugar sem ‘cor’, sem ‘modos’.
Ao nascermos, ao sairmos do ventre materno, metade de nossa liberdade é “morta”, pois neste exato momento somos censurados, por que se não queremos chorar, somos obrigados.
Esta censura se estende e se divide em atos, cenas curtas, esquetes do passado. Um “teatro do absurdo” em fatos reais. É... queridos protagonistas e antagonistas, não ganhamos nada, apenas promessas-“premiadas”, por fazermos parte deste elenco não incolor, insistente em ter cor.
Estava pensando no que escrever, qual roteiro fazer, qual texto decorar, mas não sou a diretora do meu espetáculo, não sou a preparadora de elenco, nem a autora de todos os fatos. Eu apenas sorrio e choro, amo e odeio, como uma marionete sem forças, querendo até resistir, mas sendo forçada a ‘agir’.
Movimentos contidos, risadas sofridas, pensamentos infinitos. Só eles que podem fazer o que querem. Eu apenas observo e os invejo. Invejo essa liberdade, esse teatro de rua, a quebra da “quarta parede”, que não foi quebrada na minha cena.
Acho que saímos da Grécia, mas a Grécia não saiu de nós. Acho que esquecemos os deuses, mas elegemos deuses algozes, talvez achemos a vida tranquila de mais, não sei o que se passa no seu roteiro. O meu eu não escolhi, mas já estou em cena, não posso voltar atrás.
Que entrem as cores, as formas, as horas de tentar e desistir. Que se unifiquem pele e alma, para que todas as cores nos façam refletir, encerrar o espetáculo aos poucos, com cuidado, para deixar a história que “sem querer” eu vivi, e que propositalmente você escreveu, seja cumprida e distinta de erros que são só seus.
Neste momento já não sou dona do que escrevo. Acredito que qualquer um tomará o meu papel e seguirá sendo a estrela, do que eu imaginava ser, o meu espetáculo.

por Brenda Oliveira.





segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Não matei.

(foto: estadofobia.wordpress.com)

Quase todo dia me dizem que o mundo é pequeno. Me repetem o que dizia Cazuza, que ele é um moinho, um triturador de sonhos mesquinhos, um redutor de ilusões. Mas esperem! O mundo é apenas ‘O Mundo’, agora eu e você somos máquinas criadas para destruição, é para isso que somos ‘formados’, pois não conseguimos nos satisfazer com o que é singelo. Com o que parece ser pobre, mas é rico e infalível.
Um sorriso a beira da praia, um abraço com sonhos e passados. Um ‘bom dia’ num dia sombrio, desejoso que seja assim realizado. Uma cobrança que chega à porta de sua casa e que como quem não quer nada te tira o sono. A ligação do banco, enlouquecido, para que você se endivide, mas mesmo assim, “querendo que sejas feliz”. O dia em que foste contratado para viver do/no trabalho e vida social não mais ter. Mas acredite, mesmo que não cegamente, somos felizes nestes restos que moemos e trituramos a cada minuto. Somos felizes por que nos enganamos, por que brincamos de ‘ser’.
É engraçado relatar certos fatos, já que muitos são partes dela, dessa vida tão singela, que o homem revela a si a cada instante. Penso num “olá”, num “adeus?”, palavras curtas, mas profundas, que geram dor ou alegria, não são apenas palavras ditas ou são. É importante perceber que somos vistos no dia-a-dia, perceber que um olhar que se recebe juntamente com um “OI”, “Boa noite”, é profundo e investigador, desejoso de conhecer uma alma, que sempre se guarda, ou apenas, se esquece dentro de si.
Não entendo a dificuldade das pessoas com as palavras e com os “olhos nos olhos”, acho que elas nunca mais saberão o que fazer com eles. A vida passa, melhor, o mundo avança e a humanidade retrocede. Eu não sou uma máquina, não temos coração de ferro, tudo é tão verdade, mas não somos humanos, não nos amamos e sempre queremos MAIS. Prédios, carros, lojas e a pobre da “natureza morta”, quem dera se a quiséssemos assim somente como pintura, em um belo quadro.
Nós somos um túmulo, deixamos que cavem o buraco que não tenha fundo, que seja mudo e que ninguém pareça ver. Penso que assim, brevemente, seremos despejados, sem dó, no fim. Seremos o resultado do hoje, numa cova profunda e triste. Seremos o silêncio que bagunça uma alma, que estraçalha a calma, que mantem meus pés descalços a sentir o mar.
Eu pensei que conseguia sentir e ver as estrelas, o ar, o mar, mas estou um pouco perdida, estou sem precisão. Estou cercada por coveiros, que não veem a hora de dar-me o chão, de me carregar no colo e me jogar nele. Como é doce a ilusão e amarga a vida que estamos formando diariamente. Ainda tenho a ousadia de ver uma luz no fim do túnel, mas até ela está morrendo, está sendo enterrada, inundada, por desejos desgraçados de “melhorar” a vida da nação.
Eu amo esta nação. Quero o melhor para ela. Mas tenho a impressão de estar sendo hipócrita, de ser uma assassina em séria todos os dias ao acordar. Preciso que me prendam. Preciso que logo me amarrem, me sufoquem e não me deixem matar. Matar os sonhos, os encantos, as fantasias que nem existem mais. Onde estão? Acho que de tanta evolução tecnológica, foram sucumbidas. Acho que as matei.
Só quero declarar agora que isso não é uma confissão, é apenas uma carta que escrevo para mim mesma. Para esta louca e sã, deusa e mortal que cansa de viver, se desespera quando tem que amar. Que é suicida e assassina ao mesmo tempo. Que sonha e que chora ao parar o tempo. E é claro...O tempo não para.

por Brenda Oliveira.

Texto em áudio:

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Uma folha que sangra

                 Ia pensando... “Quanto mais distante, maior a poesia. Quanto maior o silêncio, mais verdadeira é a confissão”. É assim que se veem a vida, é assim que ela habita no seu mundo.
                 Movimento de sentimentos, que podem levar a convulsão, com palavras confusas. Eu queria que você fosse real, mas a poesia é uma fantasia que me ensina que o amor é abstrato, nada além de um fato, que eu imageticamente, premeditei.
                 É engraçado falar de amor quando nunca se amou de fato. O que é amar? Hoje em dia amamos chocolate, amamos a roupa da moda, mas será que amor se resume a isto? Que coisa pequena seria amar, medíocre até.
              Mas como eu ia pensando... Eu segui e percebi que é impossível amar sem ser piegas, sem ser birrento e até infantil. É impossível abraçar um sentimento tão confuso quando somos tão racionais. Pra quê poesia se meu mundo se revela como um perfeito “artigo científico”? O amor não precisa de referências, não precisa de leitura, só vivência. Uma bela e agradável “pesquisa de campo”.
               Ele é uma dissertação trabalhosa, dolorosa, que toda vez que tentamos escrevê-lo percebemos que falta. Falta tudo e ao mesmo tempo nada. Uma pesquisa contínua que prefiro que durem anos e anos, que nunca se acabe. Quero que seja renovada a cada movimento, nos detalhes das sensações que temos quando estamos junto ao alguém.

            Acho que por isso que não tenho definição, não tenho resolução. Sou um produto inacabado. Sou torta para o mundo. Não faço parte dos fatos. Não amo o que raso, pois não seria feliz. 
             É através de uma folha de papel, uma vida que matei, que escrevo desejosa da liberdade que eu mesma mantenho num cativeiro frio e escondido. Eu não me encontro, fico perdida dentro de mim e só com a ponta de um lápis a fazer sangrar este doce papel, é que enxergo as amarras, as almas que tenho sufocado em mim.
           Guardo no peito as sombras que a vida poderia me proporcionar, por preferir sofrer ao sol a me abrigar. Eu prefiro seguir, mesmo que seguindo a poesia me aborte, por não ter sido fiel em querer voltar e receber o que só um grande amor poderia me dar.
              Eu poderia dizer que quando escrevo minto, mas a minha alma flui tão facilmente que seria doloroso assumir isso, prefiro ficar na minha, secar as feridas e espera-las cicatrizarem. As minhas cicatrizes são tão valiosas que prefiro guarda-las no peito e fingir que eu me perdoei.
                  Acredito que você prefere que eu me esconda, que não me ame, para que sobre tudo para você. Se eu estivesse à mostra não teria valor, por que eu não teria mistério, não teria o que sustenta o momento efêmero da descoberta. Eu não te daria o gozo do encontro.
                     Estou sem pensamentos dignos de uma grande poeta, estou definhando sem palavras, só estou a cicatrizar, mesmo querendo e precisando, loucamente, sangrar minha alma, fazê-la sofrer, fazê-la amar, logo por que quando não sofremos a vida se torna tão pacata, acho que é por isso que tenho a sensação de querer viver num abismo, ser a ponta do iceberg.
                  Eu quero ter vidas e mais vidas dentro de mim. Quero ser o teu caminho sem fim. A tua voz mais sincera, mesmo no engano do amor. Amar não é apenas compor uma cena, é adiar a morte quando já estavas a consumá-la. O amor resgata, mas também pode te jogar à beira-mar.

por Brenda Oliveira.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Lembro dos dias que passaram, lembro que não o esqueci quando deveria, uma ausência continua.


Foto: İzinsiz Gösteri

Lembro como se fosse hoje, meu primeiro dia na sua ausência. Fiquei só contemplando a tua essência que se partia. Contando as horas de todos os meus dias, esperando que voltasse. Até cheguei a acreditar em milagres. Mas ainda acho que um dia você voltará, ou talvez, será apenas mais uma lembrança, pois muitos se vão todos dias, sem despedidas, sem adeus.
Eu cheguei a sentir uma dor inexplicável. Só quem foi mãe sabe o que digo, quando se perdi algo. Só elas sabem o que sinto quando vejo essa cadeira vazia, nesse dia tão comprido, que insiste em não me presentear com seu adeus.
Minha vida anda sem sentindo, eu me perco no silêncio dos outros que temem em me dar a mão. Me perco em meio a tanta dor. É sempre tão estranho, pois com o passar dos anos, ainda não me acostumei com essa tua ausência continua, pois ainda guardo a sua voz tão viva em canções que um dia fizeste pra mim.
Aí meu dia fica engraçado, fica mudo, até que se torne um quadrinho em preto e branco, onde só eu tenho a capacidade de colorir ou excluir de dentro de mim. Ninguém mais vê você. Apenas eu.
Quando lembro àquele dia de domingo, talvez pela manhã, tarde, noite, madrugada ou já era além das 24h quando nos conhecemos. Você chorou. Eu me encantei por suas lágrimas, mas jamais pensei que essas mesmas lágrimas levariam você de mim. Isso tudo doeu mesmo. Você se mostrava quase perfeito. Agora és meu silêncio agudo na escuridão.
Preciso ir, mas essa passagem está demorando, já estou ficando impaciente. Já estou cansada dessa vida tão cara, que me destrói aos pouquinhos. “Por favor, leve-me de uma vez”. A impaciência é até gostosa de sentir de vez em quando, Mas até quando irei esperar? Já não tenho forças para viver um outro amor. Acho que você secou, quando o seu coração parou, o rio que me fazia amar.
Às vezes choro, só que chorar me faz lembrar você. Às vezes sorrio, mas lembro dos dias felizes que vivi com você, por isso cheguei a conclusão, de que não quero sentir nada mais. Quero ver o dia passar e minha hora chegar.
Estou ficando ansiosa agora. Esperei tanto por esse dia, quanta demora. Quero vê-lo de perto, quero sentir teu cheiro, quero ver teu sorrido, pois dessa vez ele que me seduzirá, será através dele que minha vida reviverá, em outros tempos, é claro.
Acho que...nem sei dizer o que está acontecendo, só vejo além das formas. Estou entendendo o mundo de uma outra forma. Estou voltando a amar. Estou a caminho de te encontrar. É querido, o meu dia chegou, já posso até ouvir de novo a tua voz, mas ela não está só na lembrança, ela agora é chama, é viva e voraz. Teu cheiro é tão doce, quase que não reconheço. Você mudou. Você é outro, mas é o mesmo.
Agora vendo onde eu estava percebo que deixamos as cadeiras vazias, agora não é só a sua, é a minha também. Só que dessa vez ninguém vai sofrer, ninguém vai lembrar, pois a minha vida era apenas você, que eu revivo agora, mesmo não vivendo mais.
Todos vão apenas ver duas cadeiras, enquanto eu via uma história inteira ao seu lado e sem você também. Agora nada mais são para mim, estou aqui. Vejo que o silêncio agora é tão reconfortante e tão intrigante. “Para onde você vai? Você não deve partir! Eu vim ficar com você! O que está acontecendo?”
Ah, eu não entendo isso aqui, pensei que era o fim, mas você continua a se perder de mim. Agora só vou chorar, por que sorrir me lembrará você. Agora sou eu só, sem cadeiras, com lembranças e mais uma velha e nova perda.
Espero ainda que volte. Espero ainda um dia te alcançar.

por Brenda Oliveira.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ela só queria amar

Ela só queria amar, mas o mundo a enganou, a recusou e a fez sofrer.
Ela só queria poder, mas não foi, se podou e morreu.
Ela só queria dizer que com três palavras não se escreve um livro, mas se consegue escrever milhares de vidas.
Todos os dias ela busca algo ou alguém, mas sempre se perde, ou se afoga e roga pedindo por ninguém, querendo não prosseguir num caminho com o sentimento que ela não tem.
A cada instante, que ela te encante, que ela cante e ame, mesmo assim não será feliz. Mesmo que a ame, mesmo que inflame o amor em seu coração de meretriz. Ela é fugaz, é dor, é anil.
Ela esboça sofrimento, choro e prazer, que se espalha com o vento e te causa espanto, alento.
Talvez, por não saber se ela viverá uma vida inteira. Mas como saber se a vida em que vivemos é inteira? Ela é só metade, só vaidade, só tensão, só.

Solitária, mesmo quando estás presente.
Perdida, mesmo com um guia a esclarecer-te a mente.
Ela é uma trilha não trilhada.
Um porão escuro, cheio de nada.
Um livro que o poeta não escreveu.

Ela só tem vida quando ele a escolhe, quando a desenha e sopra em seu peito, confiando que um milagre aconteça. Mas e quem não acredita em milagre? Ai é só rezar...
Rezar para ele que a enganou por anos, que a fez se expor para um grande engano, pois ele nela nunca existiu, nunca se formou, ninguém nunca viu.
Ele partiu e levou todos os sonhos, todos os anos.

Quando ela se senta à grade na janela, é pura poesia. Exalando um perfume de amora e de fantasia, vendo as vidas passarem, um mundo que não para, ficar só.
Ela vai se identificando com tudo e se perdendo dentro de si, se achando nele lá, e dizendo que tudo o que viveu até aqui não se torna vida, só morte.
A morte é um encanto, é um ladrão que chega em passos brandos, cheio de carinho, mas que não te dá o perdão.
A escuridão a pariu, a cuspiu e nem a viu, uma donzela, a chorar uma ilusão.
A viver sem emoção, a vida plena que nem sempre cabe na nossa “caixa cênica”.

Com o olhar distante ela vai sumindo, partindo da realidade que não cabe na sua vontade de ser feliz.

por Brenda Oliveira.

sábado, 26 de outubro de 2013

Pela Noite

 Era noite, enquanto todos dormiam, ela se sentia mais viva, transparente e secreta, como se do alto ela tudo pudesse ver. Adorava fazer a terra viver de verdade, verdade que ela gerava, mas ninguém enxergava. Pensava consigo: para onde iam todos os sonhos que ela criava, será que eram todos abortados, falíveis?
Era de uma fragilidade imensa seu poder, seu querer, pois era sempre esquecida, transparente, incolor. Ela ainda tão inocente, acreditava em contos de fadas, em príncipe encantado.

Temia comer a maçã envenenada.
Cautelosa era para não perder o voo da imaginação.
Temia essa realidade cruel.
Amava a vista que tinha do nada.
Gostava da brisa do vento que nunca chegara.
Gostava quando a dor passava e mesmo assim sofria.
Queria ter dentro dela uma alma, pois a vida por si só não lhe convinha.

Por quase todos os momentos de sua vida, queria ser vista.
Queria ser uma voz que desabafasse.
Querendo ser tantas em uma só.
Uma dama, uma rainha, a plebeia adormecida, do branco que desbotou.
Sua vida era crescente, a cada dia mais próximo de outra vida.
Não pensava em ser outra, se nem nesta vida podia ser alguém.
Só queria um risonho-sereno, uma gargalhada rasgada no vento
Cheia de dor e alento, vindo sem querer chegar em lugar algum.

Menino queria ser.
Não amando, mas sendo.
Querendo correr e brincar sem ter em quem depositar o medo que guardara consigo.
Menino queria ser.
Pois o desvio do vento o deixaria com direção, para ir onde nunca pensasse
Onde o amor só amasse e o medo medroso não o amedrontasse.

Queria apenas sorrir.
Fingir que amou.
Ter na vida o que ela não quis.
Roubar seus próprios sonhos e dormir como em todos os dias.
Ser perfeita na imperfeição dos dias.
Levar uma vida escorregadia.
E sofrer por amor.
Sofrer sem dor, sendo um menino sozinho, à espera de uma vida para viver.
Lembrando do que queria esquecer.


por Brenda Oliveira.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Essência

Sou do tempo
Que o amor era poesia
O verso uma sinfonia
A declamação, o viver
Sou do tempo
Em que flores eram vida
Em que a tristeza refletia alegria
Em que o romance era poesia

Minha alma
Não pertence a esse mundo
Aqui sou apenas um moribundo
A procura do amor
Minha alma
Esta solta e aprisionada
Fica perdida e é encontrada
Nos fragmentos a se decompor

O meu tempo
É devagar e acelerado
É doce e amargurado
É tímido e sedutor
O meu tempo
É a favor da vida
É contra as brigas
É um NÃO a procura...

Eu sou
Um livro aberto?
Sou segredo, sou secreto
Sou tesouro amaldiçoado que ninguém levou
Eu sou
O vento que bate
O som na imagem
O grito que cala, que ama, que parti.

por Brenda Oliveira.





sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fui pequena

Quanta saudade do tempo de criança, em que a chuva era um acontecimento histórico. Em que brincar de ser adulto era interessante.
Sinto saudade de não precisar ter saudade de nada.
Sinto saudade de me sentir sempre pequenina, um botão de rosa, sempre baixinha ao lado dos meus pais, apesar de saber que para eles, eu sempre serei a baixinha, o botãozinho de rosa.
Quando criança o mundo é um grande presente, em que abrimos no decorrer dos anos, mas que podemos chegar a gostar ou não, do que receberemos dele.
Saudade de ser pequena, pois acordar cedo era uma ‘onda’, meus pais que o digam:
Atenção senhores passageiros com destino ao Pax”, ai a escola, quanta saudade desses tempos, desse momento da vida que não volta mais, onde tudo era poesia, prosa, cantiga, nada mais.
Sinto saudade de ser criança, porque criança não se difere, criança só é criança.
Mas por mais que eu sinta saudade, eu sei que nem tudo passou. A minha alma ainda é pequenina, a criança ainda não morreu aqui dentro.
Por isso eu rio sem medo, eu choro e amo e até enfraqueço de tanto amar.
Eu encanto e desencanto, eu apenas amo, porque amar é coisa de criança também, elas amam mais.
Eu não quero crescer nunca, eu só quero continuar vivendo a vida, brincando na rua sem a preocupação com o depois.
A chuva que antes era encanto, hoje é lembrança.
Sinto saudade das outras crianças, que assim como eu cresceram, que foram embora e me deixaram aqui.
Sinto saudade da eternidade que eu sentia ser, que eu podia tocar e viver.
Saudade de ser uma ‘Super-heroína’, de pensar que a minha Rosa é única, que a minha terra é Nunca e que a cachoeira é a lágrima de uma bela e boa deusa, e eu nem sei se pensei nisso.
Saudade, apenas saudade.
Saudade da inocência que hoje se perde desde pequeno.
Saudade de acreditar, sem titubear, que somos capazes, capazes de sermos sempre...
...eternas crianças. Só para amar.
Porque para a criança o amor é o concreto, é o belo afeto, que tocamos com um abraço.
Eu passo. O desejo que um dia eu tive de crescer.
A brincadeira singela de ser ‘gente adulta’.
A madrugada que, já não mais, me assusta.
A loucura de não ser feliz.
Mas quero poder nascer de novo. Viver tudo de novo, do jeitinho que vivi.
Eu fui e ainda sou criança.

por Brenda Oliveira.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sentimentos

A calma, geralmente não acalma.
A dor nem sempre é dolorida.
O choro pode ser de alegria.
O sorriso pode ser de desespero.
Ter vida, não significa estar vivo.
Morrer não me parece o fim.
Um fim pode ser um belo começo...


por Brenda Oliveira.

domingo, 8 de setembro de 2013

Lembranças: uma vida!


Acabou de acabar o tempo,
A insônia,
O medo,
Tudo o que tenho.
Só o que sobrou foram tristezas,
Covardia e solidão.

Empenho-me muito para ser o que não sou,
Mas sempre fracasso.
Ó vida.
Ó palavra maldita,
Que dói antes mesmo de ser pronunciada,
Antes de ser provada.

Todo dia uma esperança,
De ter no meu vazio
Uma felicidade concreta,
Lapidada que jamais se quebre
Ó fraqueza.
Ó angustia perseguidora.

No quintal...
O vento
A lembrança
O sorriso, em preto e branco,
Uma vida perdida, esquecida.
Um foto 3x4 que nem lembras mais
Um destino que não prosseguiu.

por Brenda Oliveira.

sábado, 7 de setembro de 2013

Sonhos... meu e teu!

(Protocolo de aula do curso: Teatro-licenciatura, da disciplina: Prática de Criação dramática, prof: Gisele Vasconcelos- UFMA)

“Tudo é importante...
Criar é inevitável... mas...
Sonhar é indispensável”. (Brenda Oliveira)




Percebemos que o combustível que nos movimenta em nossas vidas: são os nossos sonhos. Tudo o que queremos é viver de nossas fantasias, realizar um provável impossível, em nosso dia-a-dia.

“A atividade de ler e de processar a leitura, de se apropriar dela e de manipulá-la e transformá-la, a partir de novos objetos ou contextos, de reagir a ela em um meio que não o dos textos impressos me parece ser, de fato, um tópico fundamental para a compreensão não só da dimensão cênica, mas também do âmbito dramatúrgico-literário de parte considerável do teatro contemporâneo”. (COSTA, 2009, p. 33-34).

É com essa visão contemporânea: de apropriar-se de textos que não se resumem em letras, escritos, é que buscamos um olhar mais profundo, sobre o que vem a ser um processo de criação tão intimo, iniciado neste trabalho objetivando conhecer os sonhos de cada colega de classe. Pois:

“Não é só de palavras que vive a escrita. Ela também envolve o suporte, a tinta, a caligrafia etc. A escrita como inscrição diz respeito também a traços, linhas e pontos. Ela é também desenho e imagem visual”. (COSTA, 2009, p. 73).

Tendo este conceito de que através de qualquer objeto podemos construir, criar, que através dessa conversa pudemos perceber a existência de sonhos motivadores, perturbadores, conscientes ou não. Muitos de nós sonhamos acordados, ou até mesmo, insistimos em dizer que não sonhamos e que não queremos sonhar.
Percebemos que existem várias crenças sobre sonhos como: “dormir de barriga ‘cheia’ gera em nós pesadelos”, “que só devemos contar sonhos ruins com portas abertas, para que ele vá embora”, entre outras superstições.
Todos esses depoimentos foram usados em uma futura dramaturgia.
Para iniciarmos o aquecimento ficamos de pé e em circulo sussurramos, cantamos, falamos com raiva e/ou alegria, trechos, ou a frase toda:” Sonho que se sonha só”, esta frase pode parecer egoísta, mas todo sonho é egoísta, ele é só meu ou só seu, originado do meu ou do seu subconsciente.
A professora Gisele trouxe para experimentarmos textos, ou melhor, memórias de sonhos, encontradas no livro de Eduardo Galeano: “O livro dos sonhos”.
Quantas formas de sonhar, quantos sonhos são apresentados neste livro, por isso tiramos dele alguns textos que nos auxiliaram no processo criativo. A cada duas pessoas um texto diferente. Depois de lermos o texto, ficamos de pé, e saímos pela sala falando um para o outro aquilo que lembrávamos de nossas leituras, depois começamos a dificultar nossa narração- natural, colocando memórias nossas na história contada nos textos sem tirar a essência de sua origem.
Chegamos ao grande momento onde experimentamos teatralmente toda a nossa criação e narração-natural. Após cada apresentação observávamos claramente cada história que haviam sido contadas anteriormente, através da contagem entre os alunos na sala.
Terminamos a aula escrevendo um texto que relatasse algo que tivesse sido dito por nós mesmo ou por todos da sala, privilegiando os sonhos.
Daqui pudemos retirar através de relatos, depoimentos, todo o material para o nosso processo, pois é possível e é interessante a utilização de qualquer meio, qualquer gesto, para uma bela criação:

“[...] por meios visuais e verbais, a livros e bibliografias há de ser tomada ainda em associação auto reflexiva com um aspecto específico, qual seja a prática de uma dramaturgia de leitura que se faz fundamentalmente como livre manipulação de arquivos, de acervos e de bibliotecas por dramaturgos-leitores ou dramaturgos-pesquisadores”.( COSTA, 2009, p. 44).


Mediante tantas informações e relatos pessoais começamos o nosso (referindo-me a equipe 3: Brenda Oliveira, Marcelo Lopes, Tiago Andrade, Ligia d’Cruz, Necylia Monteiro e Marcia) processo criativo, onde partimos de nossas memórias emotivas, do desejo pessoal de viver em um sonho, viver de nossos sonhos. Juntos, sentamos e fizemos um roteiro de tudo aquilo que iriamos fazer, cada cena. Trabalhamos em cima de uma música feita por mim, durante o processo criativo.
Trabalhamos com a temática circense logo, pois sentimos que a fantasia e os sonhos, em muitos momentos, são concretizados pelas crianças e adultos também, por que não?! , através do circo, na magia e no encanto circense.
Tentamos transpor através da cena final todos os relatos pessoais dos colegas de turma, as ideias de sonhos: bons e ruins. Tudo que é fantasia. A nossa própria realidade se faz fantasia, quando vivemos a realização do sonho em nosso dia-a-dia.
 
http://youtu.be/kkYxvLRftk4
                           
Música: Sonhei  (todos os direitos reservados)
Composição: Brenda Oliveira

Arranjo: Melennie Caroline


 por Brenda Oliveira.


domingo, 1 de setembro de 2013

Mas...Pense.

Não deixe pra depois
Não queira amar só o amanhã
Não sinta a dor depois
Não grite mais tarde
Não diga quem és só no futuro
Não viva um talvez

Mas... Pense...
Que muita coisa pode ser deixada pra depois
Que a dor que se sente agora, essa sim, realmente, não pode ser adiada
Que o grito não passa de uma voz alterada e que pode estragar uma tentativa de diálogo
Que você não é VOCÊ só amanhã, mas a cada segundo tendo que afirmar a vida em si
Vida que deve ser vivida logo, tuda de uma vez, pois o agora não poderá chegar, ele já está.


  por Brenda Oliveira.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Eu serei

Que me digam o que fazer
Que me peçam para errar
Que me mandem calar
Porque a vida é por demais louca
E quero vive-la solta, como um bicho nu.

Quero nascer de novo
Quero incomodar com o novo que vive no velho
Despertar o que é eterno
Vivendo da caça neste planeta a cada dia sem alma
Não quero me poluir

Quero que minha inocência cresça, mas não amadureça.
Que o pensar não me pare
Que a razão não me cale
Que o outro seja o todo para mim
Que o todo seja a continuação do fim.

Andarei como uma preguiça, devagar, mas muito viva.
Serei ainda um pássaro solto e bem agitado.
O vento eu serei.
Serei real e imperceptível.
Indispensável, solene e sombrio.

Serei tu em dias
Outro por anos


Eu, em instantes e por engano.

por Brenda Oliveira.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ESTOU AQUI!

Estou aqui, ao mesmo tempo sem parecer estar.
Não faço que me vejam, não tenho cores, nem frias nem quentes, só mortas.
Estou vendo, mesmo sem pedir que me tire as vendas, quero que vendam meus olhos.
Cansei de tentar ver o que eu sou. Cansada de ver com olhos de vidro, sem cor.
Não consigo mais aparecer, tanta luz está a me esconder.
Não consigo encontrar um caminho...Não quero perder um carinho.
Quero apenas senti-lo.

Acho que estou lotada, mas não sinto nada.
Apenas um vazio e pó.
Pó de um cômodo esquecido, um rádio velho, um vinil por ai perdido.
Ouço a música que não tocam mais.
Nascida por engano, num período com números demais.
Muitos signos, fracos significados.
Estou perdida nesta magia de ser.

Guardada, achada.
Tão encontrada, que demoraria uma vida para me perder novamente.
Seria eu tão sincera, que nada fosse inventado?
Onde está minha criatividade?
Tão verdadeira que tudo se afastasse sem dizer adeus?
Ah, como um doce sem gosto, um gelo quente, uma mão fria.
Uma respiração rompida. Uma luz que não brilha mais.

Sou um busto vivo.
Minha vida já foi esquecida.
Sentindo-me uma morta-viva.
Escandalizo meus pensamentos, enganados.
Eu me atormento, preciso viver.


Não quero perder.

por Brenda Oliveira.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Currículo- Um desatino


                O que é um currículo, se não apenas um pedaço de papel? Pois a vida é uma carta escrita na pele, em que o sangue transborda animado, em que ao final, uma cicatriz não significa um erro passado, mas sim uma vida que, realmente, se viveu!
Não vejo o ‘porque’ de tanto sofrimento: “não tenho um registro acadêmico”, se na vida você se perdeu!!!
É minha cara amiga, a vida é um gigante que poderá nos esmagar, se formos apenas linhas azuis, em preto ou branco, numa pauta qualquer. Vida sem verdade, amantes que na verdade se traem, vivendo em ré
Tenho dito tudo o que vive e ainda assim não se identifica? Minha ‘cara’... A vida é o não dito, que de tanto dizer, você já não compra mais, pode vir a ser mercadoria vencida.  Acredito que lotou sua mente antes do tempo, ou passou e estragou. Caiu.
Você sabe que não faço o que tu queres, que sou mesmo sem jeito algum para ser de algum jeito. Você sabe que pareço um pouco errada ou destrambelhada, mas isso em mim é só uma capa, uma pele a ser trocada sem sentido algum.
O meu currículo muitos querem escrever, querem que eu seja o que não nasci para ser. Querem que eu veja, pelos olhos dos outros um mundo que não escolhi viver. Querem que eu cante uma canção desafinada, pois insistem que ela tocará a minha alma. Tolice dessa dinastia que nos cerca e tenta nos obrigar a vegetar num pasto de meros animais, para sermos eliminados rapidamente, vivendo numa digestão latente, buscando o riso para não chorar!


por Brenda Oliveira
Obs: Dedico a minha amiga Tiara Sousa!!!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O mundo deles

“Enquanto tudo passa... Eu vou ficando aqui mesmo. Talvez perdido para muitos, Mas sabendo que a cada segundo me encontro perfeitamente”. Isso foi o que ele disse naquela noite quente e fria, dolorosa e magnífica. Sem usar palavra alguma, apenas respirava a resposta escondida.
Ela o entendia, sabia que sua alma era doce e amarga, que por vezes amava como amava o nada.
O tempo para eles não passou ou até passou, mas nem chegaram a perceber.
Ela disse que “sentia-se n’outra dimensão”.
Ele sorriu e apenas tentou ter a mesma sensação, mesmo que parecesse impossível.
Mas há tanto na vida de impossibilidades...
“Foi nisto que você pecou” ela pronunciou, “por quantas vezes perdi, perdi teu perdão!”, mas logo então sorrindo a fez sentir, fez perceber que o gelo uma hora derrete, que a maré, por vezes vaza, mas torna a encher-se, pois não aguentaria viver sozinha, precisa do carinho de um rio, não um rio qualquer, mas um rio que para ela se desse a rir.
Revelou que quando está só ele chora, desmancha e seca. Torna-se pó. Mas se do pó fez-se o homem, “que glória em se desmanchar por alguém”, pensou docemente a moça!
Depois de tanto pela noite adentrar podiam ver-se, sem se olhar, sentir-se sem toque...
Encantado seria o dia, se carregasse no seu sol o calor de uma noite, ao mesmo tempo, que carregasse a luz, numa penumbra de encanto, que revelasse a ambos a beleza que juntos não poderão ver. Que apenas estando distante verão.
Ele a pediu que fosse então o dono do seu mundo... Ela sorriu e deixou escapar um NÃO.
Ambos riram, sabiam o que sentiam, pois sabiam que não sentiam, que apenas achavam, mas que na verdade tinham certeza que da vida que viveram tudo era real. Só o tempo que não. Desgovernado. Mentiroso. Até aliado. Um tanto preguiçoso em passar.
Mas na vida dela tudo passa. Na alma dele tudo fica.
“Você tem carinho pelo tempo?” “Você me ama como o vento?” ou “ Seria melhor que eu desejasse que me amasse como uma rocha?” Ela pensou por dentro. Ele a deixara desarmada, coração ferido, alma incendiada.
“Que susto” acordou gritando. Chorava, pois vivera num sonho, sem dor.
Apenas engano em viver sem sentir. Amar e não poder partir.
“Contigo sempre viverei?” ele a interrogou, mas ela já não podia responder.
O plano da Terra, do tudo, já se desfizera, pois em uma manhã ela se viu
Sem chão, com seu NÃO, a espera do seu talvez.


por Brenda Oliveira.




sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Passo...

Quase sempre penso
Que pensar é um retardo
Um retrocesso que me conforta em fatos
Que quase nunca os narro
Que quase sempre são perdão.

Eu penso
Que quem pensa nada faz.
Aquele que grita se desfaz
E o que achava que pensou fez pouco
Matéria rasa, objeto impessoal de um caso torto.

Ela pensa que pensar é humano
Somos a humanidade por um engano
Um homem mortal que com o tempo
Faz-nos acreditar que num porvir
Faz-nos mentir e ir

Pensamento que passa
Passado que empossa
Há quem possa um dia possuir
Um passado possesso, preso e com raiz.
Uma alma alada que “passaefica”

Uma passada larga
Uma vista rasa de um adeus sem fim
Que transforma a frase em oração
Uma simples palavra virando um objeto indispensável de ligação.

O que são palavras neste passado?
É estar doente, passando mal
Passando bem, passando sem
Sem nada a declarar
Sem um vazio a preencher

Vozes passando por mim
Transmitem o que há
Passando de geração em geração o que fiz aqui
Agora numa jazida gelada de mármore branco
Silencioso e profano passa

A palavra passa
O passado passa
Teu passo que permanece
O teu pensar me enaltece
Mas sinto um drama passeando em mim, sinto que penso.

Sinto ter dor
Sinto o longe e o perto
O direto e o indireto
Do pensamento que ainda nem fiz
Mas que um dia virá.

Por BRENDA OLIVEIRA.