Ser ou não ser, eis a questão:


Stanislavski, Constantin. Memória das emoções. In:_______. A preparação do ator. Rio Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. Cap. IX, p. 203- 231.

Neste dia debatemos em cima deste texto, onde Stanislavski aborda a utilização das memórias das emoções. Até que ponto podemos julgar necessário este método? Até que ponto devemos nos preocupar apenas com o que estamos sentindo? Até onde essa preocupação em pensar algo que nos leve a, pode ter um papel reverso ao benefício?
Já temos a consciência que o corpo é a pré-expressividade e a extensão da palavra, a “conversa do silêncio”. Para que o nosso corpo melhor se expresse em cena podemos buscar para a construção da mesma memórias que nos façam reagir numa cena, para que a nossa movimentação e o nosso silêncio, não sejam dispersos e sem sentido.
Muitas das vezes diversos grupos se ultilizam deste meio para revestir todo o seu processo criativo, mas nem sempre assim deveria ser, pois cada momento, cada unidade necessita de um entendimento, uma técnica específica. Pois, quando passam por esse processo de busca de memórias e trabalham a repetição da mesma para utiliza-la em cena tendem a mecanizarem estas memórias e as tornarem sem ligação com o que quer se passar corporalmente.
Quando nos preparamos num processo, devemos escolher dentre as memórias aquela que nos manterá sensibilizados rapidamente e por um bom tempo. Nada de memórias súbitas, que rápidas chegam e mais rápido ainda se vão, pois delas precisamos, por muitas das vezes numa cena inteira. Não precisamos buscar lembranças iguais as que nos pedi a personagem, podemos buscar dentro do que já foi vivido, do que se vive e do que ainda será vivido, que seja semelhante ao sentimento exigido na cena, o importante é estar aberto e sensível aos sentimentos.
A grande dificuldade que podemos perceber, e encontrar enquanto atores e atrizes é após experimentos com estes sentimentos não conseguirmos mais utiliza-los, recupera-los, por isso a importância de termos como reserva memórias fortes, intensas:

“Quando as reações do ator são poderosas, a inspiração pode surgir. Por outro lado, não perca tempo correndo atrás de uma inspiração que por acaso lhe ocorreu uma vez. É tão irrecuperável como o ontem, como as alegrias da infância, como o primeiro amor. Dirija seus esforços no sentido de criar uma inspiração nova e fresca para o dia de hoje”. (p. 214)

É importante sermos e ao mesmo tempo termos a consciência de não sermos a personagem, devemos criar sentimentos análogos para que possamos assim, melhor  compreendermos o papel, de uma melhor forma viveremos a verdade da personagem. Representamos a nós mesmo no palco:


“Sempre e eternamente, quando estiver em cena, você terá de interpretar a si mesmo. Mas isto será numa variedade infinita de combinações de objetivos e circunstâncias dadas que você terá preparado para o seu papel e que foram fundidos na fornalha da sua memória das emoções”. (p. 217)

Devemos estar aptos a qualquer momento que for preciso, buscar emoções que cheguem ao público e ao coletivo dos artistas, com quem trabalhamos, nitidamente , de forma livre e orgânica. Antes de mais nada, devemos aprender e reaprender a usar nossas memórias emocionais.

Registro referente à aula do dia 18.09.13

por Brenda Oliveira.

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