segunda-feira, 12 de maio de 2014

SOL



foto: da Ponte do São Francisco- São Luís/MA

Parei agora para pensar onde foram parar as histórias que eu costumava escrever. Onde foi parar o incansável desejo de ser eu e ser outra também. Quero entender por que mesmo antes de eu “bater o sino”, meu espírito se foi, meu corpo cansou e minha consciência não existe mais. É. Eu preciso primeiro aparecer novamente, para poder sumir do mundo.
Eu passei tantos dias sem escrever, mas mesmo assim, mesmo agora, penso que não estou escrevendo e sim jogando palavras no meu computador, na tentativa tola de recuperar o que o meu dia-a-dia matou. São tantas cobranças, tantas despedidas, tantos sorrisos mentirosos, tanta hipocrisia, que acho que conseguiram desmanchar metade mim, justamente a metade que faria eu me reencontrar num dia qualquer.
Vejo tanta coisa, tantas mortes, não falo apenas das mortes físicas, pois a sensibilidade hoje em dia, é coisa rara, é alienígena. “Boa tarde”, foi o que consegui dizer numa tarde qualquer, mas não era boa, não era farta, não tinha paz. Não para mim, pois para mim havia amor, doçura, comida, um teto, mas para uma senhora em sua humilde porta, não há nem a esperança, o pôr do sol não é mais tão divino, se torna apenas um sol que queima e incomoda.
Muito dinheiro, crescimento... “Um país rico é país sem pobreza”, que merda, sei que estamos longe, mas bem longe da riqueza, isso não significa que não a possuímos. A minoria tem tudo e a maioria não sabe, nunca sentiu o que é ter uma “boa tarde”. Mas ainda estando perdida dessa metade sumida, eu espero achar a minha metade vendo um verdadeiro Sol, numa realidade, quem sabe numa ‘Solrealista’, sendo sentido e multiplicado por tantos.
Acho que esgotei... esse deve ser o mais longe que consigo chegar não sendo toda. As palavras são apenas a minha tentativa de reanimação. Eu ainda pulso em algum lugar, sei que ainda está escuro por aqui, mas um dia eu vou acordar, pra nunca mais dormir, ou será que já acordei e estão tentando me calar?! ...

               Ass: uma metade que está de volta, um grito que tanto abafam... Sou todos...Todos somos... apenas um Maranhão, um Brasil e milhões de “Luíses”.

por Brenda Oliveira.