quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ser sendo

Não sou ninguém
Não sou apenas mais um alguém
Não ajo como você
Não sou personagem de mim

Sou o dedo no gatilho
Sou a lágrima da dor
Sou um sorriso na alegria
Sou o que eu quiser ser, mesmo quando nada sou

Já fui um nada
Já fui alguém

Hoje sou eu, em mais ninguém.

por Brenda Oliveira.

Há tanto em mim


Não vejo ainda o fim, só o começo.
Só o meio termo de um sentimento, que ainda vai existir.
Brotando, crescendo até a morte chegar,cansando-se de mim.
Será que morro de medo de morrer? ou morro pela morte que me mata sem querer?
A morte me levará para o meu Amado.
Que me acolherá em seus braços e me dará a vida.
Eu nascerei de um parto sem dores.


Nascerei como a luz de todas as cores.
Serei tão bela quanto a beleza que não consigo imaginar.


por Brenda Oliveira.

terça-feira, 28 de maio de 2013

A BAILARINA TORTA- Do corpo natural para um corpo que sente e se expressa.



  

Do corpo natural através do caminhar para um corpo que sente e se expressa a partir de suas experiências e memória corporal.

A partir de movimentos simples como: torção e extensão, que parti para a criação da minha partitura corporal, na aula de Expressão Corporal, com o profº Leônidas Portella, docente da Universidade Federal do Maranhão- UFMA.
Tivemos muitos estímulos para esta criação. O próprio conhecimento de "como eu ando?" através dos sapatos deixados ao lado de fora da sala de dança, foi o princípio do nosso processo, o conhecimento anatômico é importante para se obter uma relação de exploração ainda maior do nosso corpo.
Ao escutar uma música, por exemplo, o corpo responde de maneira imediata, a um toque: toda ação a uma reação, sendo através destes meios, o meu encontro com esta forma de expressão: esta partitura corporal.
Quando partimos para uma criação coreográfica a partir de movimentos cotidianos, tiramos de nós uma essência extraordinária, onde, com o desenrolar do processo de criação, conseguimos perceber a novidade, particularidade de nossa expressão, de nossa coreografia.
A não preocupação com a estética do “belo” nos ajuda e faz-nos compreender que apenas o movimento importa, a minha reação a partir de um toque, da busca pela repetição orgânica do meu movimento, da interferência da música em minha partitura, em minha expressão.
A cada interferência nossas experiências fazem com que reajamos de uma maneira particular, mesmo quando o movimento que se esteja fazendo, seja uma reprodução/pura imitação, da construção do outro indivíduo.
Através do olhar de um colega de classe Fernando (Nando- idealizador do vídeo, de quem partiu o convite de fazê-lo), tive a oportunidade de explorar meus movimentos em diferentes lugares da Universidade Federal do Maranhão- UFMA, transmitindo através dele as sensações que os diferentes lugares me causavam. Tive uma ajuda muito grande quanto as mudanças bruscas do clima, ora sol ora chuva.
Como respondeu meu corpo em meio a ambientes não familiares? Como respondeu minha partitura corporal? Será que meus movimentos se mantiveram iguais, carregaram a mesma experiência?
Trabalhar em lugares ainda não explorados por mim antes, fez com que em cada um deles minha expressão corporal, já pré-definida, fosse novidade para mim mesma. Esta partitura em nenhum momento, desde o meu primeiro experimento em sala de aula, foi igual.
Em cada repetição um sentimento diferente, um movimento “velho/novo”, a cada segundo que passa nosso corpo, nosso organismo já não é o mesmo, a partitura inicialmente criada e aparentemente a mesma já modificou-se. Em cada lugar uma história a ser explorada. Uma dança a ser criada.
A consciência do movimento é de grande valia, saber o que se está fazendo, qual parte do corpo está se movendo, quais músculos, articulações estão sendo movimentadas, dão maior verdade em uma criação.
Cuidado sempre, pois esta consciência do corpo é que permiti-nos passar a verdade de nossas sensações e impressões corporais.

por Brenda Oliveira.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Real ?

Desenho, edição de vídeo: Diones Caldas.
Uma vez eu sonhei
Uma vez me perdi
E em uma outra vez...
... me encontrei.

Se um dia parei
No outro corri
Se desisti
No outro tentei

Se não queria assim
Um dia mudei
Virei
Senti....até não sentir mais nada.



Brenda  Oliveira
Obrigada Diones por este belo presente, amo seus trabalhos, abraços!!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Imaginação- protocolo elaborado a partir da disciplina "Pratica de Criação Dramática"


por Brenda Oliveira

“O mundo é uma foto em processo, somos um registro visual de algo que queremos ser ou que buscamos combater em nós e no mundo.” (Brenda Oliveira)

O conhecimento de nosso corpo, corpo constituído de ossos, músculos e articulações e corpo social, político, é essencial, pois ele é a nossa fonte de som e movimento. Como afirma Boal, pois:
“[...] deve-se primeiramente conhecer o próprio corpo, para poder depois torna-lo mais expressivo [...], deixando (o espectador) de ser objetivo e passando a ser sujeito, convertendo-se de testemunha em protagonista.” (BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outas poéticas. p 131).

Trabalhar o consciente guardado em nós, ou seja, nossos registros memoriais, através de fotos em “alto-relevo” (feito com os próprios indivíduos que contribuíram com seus depoimentos), é o que gera uma consciência real da opressão que a muito vivemos e calamos. Essa forma de fazer teatro foi a qual nos apropriamos em sala de aula e a quem Boal intitulou de “Teatro- imagem”.
Começamos todo o processo com um aquecimento, para reconhecimento corporal, com enfoque nas articulações, brincamos uns com os outros, em um momento um indivíduo da dupla era como um escultor a esculpir sua obra, utilizando-se das suas articulações e assim depois o outro tomava a forma de escultor. Fizemos esta dinâmica primeiramente parada, depois em movimentação por toda a sala de aula, utilizamos dela para gerar uma desconstrução corporal, como bem indica Boal, para que todo o corpo seja reconhecido em meio as suas dificuldades, traumas, possibilidades de recuperação.
Logo em seguida aplicamos o teatro- imagem com o objetivo de deixar que um indivíduo fale através do grupo, em forma de imagens, este mantem- se como um escultor a esculpir uma imagem, não podendo usar a fala, apenas expressões faciais sobre qual a forma do rosto o indivíduo- escultura deve fazer.
Em sala, dividimo-nos em quatro grupos, cada grupo, entre si, discutiram assuntos polêmicos ou, até mesmo, não levados em questão por uma grande massa da sociedade, após esta discussão, cada grupo evidenciou o seu tema, através de uma “cena”, única e estática (imagem). Primeiramente ninguém do grupo pode falar nada a respeito do assunto, apenas deixar que os corpos estáticos falassem. Os alunos que apreciam a forma da imagem começam a expor suas ideias sobre qual seria o tema, mesmo que errem o grupo- imagem ainda não interfere.
Depois de um grande debate é que os compositores da “cena” dizem qual foi o assunto e assim, todos juntos, referindo-me a todos os outros três grupos, com suas ideias, formam uma nova imagem, isso se não acharem plausível e coerente com o tema à imagem anterior.
O grande objetivo é:
“[...] chegar a um conjunto modelo que, na opinião geral, seja a concreção escultural do tema dado, isto é: este modelo é a representação física deste tema!” (BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas. p 144.)

Conseguimos observar que em muitos momentos buscamos o mesmo ideal em meio a questões sociais, mas por imaginarmos soluções diferentes, acabamos andando em círculos e não solucionando. Devemos parar e perceber que o que realmente importa não é a forma que a solução deve ter (voltando para as imagens), mas sim a solução que irá acontecer e que beneficiará a todos. Precisamos de indivíduos que tomem iniciativa, a ação é um grande progresso. Ter atitude é essencial. Parto de Boal quando assim me coloco:

“Não diga o que pensa: venha e mostre.” (BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas. p 145.)