Vivendo um tédio, sufocado pelo abandono dos sonhos, talvez.
Querendo fugir dessa minha vida de certezas, quero surpresa,
quero a beleza que ainda não vi.
Respirar esta minha racionalidade não está me fazendo bem,
quero ousar, mas onde? E com quem?
Eu. Mim. Comigo mesma. Eu devo me bastar, senão serei uma
mentira querendo sobreviver no real.
Falsidade, tirania de um mundo que vive em uma inundante
melancolia.
Quero respirar, sem ter que pagar por isso.
Quero sorrir, sem deixar de ser e sem esconder-me.
Quero a pureza ainda mais pura dentro de mim. Quero um
suspiro quase mudo.
Desejo o feio, pois nele esconde-se o que há de mais belo.
Quando tudo passa insisto em voltar, vivo no presente com o
gosto doce do passado e com o amargo de não saber o futuro.
Fascinação, descontrole de pensamentos, olhos que não
deveriam enxergar e mente que apenas vagasse.
Observando este insano desejo de me sufocar, matando-me em
fantasia, em sono, para poder ressurgir em um novo dia, querendo quase como em
um passe de mágica reanimar minhas forças, retomar meus sonhos e esgotar-me de
felicidade, que não contenha prazo de validade.
Que teu, meu, minha, sua, tudo isso seja imortal, no meu
passivo mental.
Brenda Oliveira