Grotowski....e ARTOUND E OS SENTIDOS DA CRUELDADE NA CENA

No primeiro momento iniciamos o estudo sobre Grotowski  e sua busca pelo teatro pobre. Defende a proposta do ator “santo”, não fazendo ligação a santidade divina, mas a busca por um ator treinado que esteja limpo, pleno em cena. Um ator que deixa-se de lado e assuma verdadeiramente o papel.
Grotowski questiona o papel social do teatro. O teatro para ele é o que acontece entre o ator e o espectador. É o lugar da troca. O ator deve auto penetrar, ter conhecimento próprio e potencializar a latência corporal, ter o entendimento fisiológico.
Assistimos a um vídeo que trabalha a proposta de Grotowski e seu teatro pobre, “A descoberta das Américas”, que utiliza-se do palco nú, explorando corpo e voz do ator em cena, a utilização da luz no essencial, nada de muita elaboração, apenas uma luz que ilumine o palco, o ator em cena.
Vimos também e comparamos um outro vídeo que mostrava o trabalho e propostas do “Teatro du Solel”, que trás um pouco de Grotowski como característica. Eles trabalham bastante a desapropriação do texto, utilizando-se da improvisação, a exploração do movimento, desconfigurar a ideia de que devemos utilizar sempre e apenas os clássicos. Nas cenas propostas pelo grupo não há um segmento temporal linear, não tem lógica. Os cenários são pobres.
Essas são características extraídas da visão de Jerzy de fazer teatro.

No segundo momento Eu e Lígia d’Cruz, aplicamos o nosso workshop:

ARTOUND E OS SENTIDOS DA CRUELDADE NA CENA

A proposta teve por objetivo nos estimular tanto a obtenção de novos conhecimentos como à prática de um método criado por nós para exercitarmos nossa qualidade de docentes ( ou futuros docentes).
A experiência foi desafiadora. Apesar de termos acesso aos postulados dos mestres do teatro, sabemos que cada processo depende das particularidades de cada lugar que se habita, e que todas as metodologias, filosofias e práticas devem ser adaptadas cada qual ao seu tempo, de acordo com os fatores culturais, sociais, de gênero e idade entre tantas outras adversidades que vamos encontrar em uma sala de aula ou grupo de teatro pelo mundo a fora.
Muitos eram os caminhos para a escolha, aliás, eram infinitos. Escolher a temática era como se lançar em um abismo e nunca parar de cair, ao longo dos dias houveram alguns lampejos e pequenas sugestões. Mas nada que nos convencesse da importância para nós e sem dúvida, para turma.
Contudo, conseguimos perceber e sentir total entrega e interesse por parte dos colegas de classe, acreditamos que as experiências já vividas e o momento experimentado no workshop esclareceram e possibilitaram novas criações, reformulações nas cenas que já estavam em processo.
Nós acreditamos em cada passo exposto, em cada sensação. É importante entender e perceber o que interessa na minha vontade de fazer teatro. A cena não pode apenas acontecer, ela tem que ser construída, realizada. Percebendo o cotidiano que foi apresentado de uma forma simplória e “crua”, podemos nos deparar com grandes realizações em cena, com um grande reconhecimento entre o “eu” e o personagem, sem sermos a mesma pessoa.
Fizemos o que Artoud defende como grande importância: criar uma atmosfera propícia em torno das ideias apresentadas, já que buscamos um caráter mais ritualístico para o nosso workshop.


Referencia

GROTOWSKI, Jerzy. Em busca do tetro pobre. 4. Rio de Janeiro. Editora Civilização Brasileira. 1992.
ARTOUND, Antonin. Acabar com as obras-primas. In:______. O teatro e seu duplo. São Paulo: Ed. Martins Fontes. 1993, p. 71-97.
Registro de aula referente ao dia 09.12.13

por Brenda Oliveira.

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