(foto: estadofobia.wordpress.com)
Quase todo dia
me dizem que o mundo é pequeno. Me repetem o que dizia Cazuza, que ele é um
moinho, um triturador de sonhos mesquinhos, um redutor de ilusões. Mas esperem!
O mundo é apenas ‘O Mundo’, agora eu e você somos máquinas criadas para destruição,
é para isso que somos ‘formados’, pois não conseguimos nos satisfazer com o que
é singelo. Com o que parece ser pobre, mas é rico e infalível.
Um sorriso a
beira da praia, um abraço com sonhos e passados. Um ‘bom dia’ num dia sombrio,
desejoso que seja assim realizado. Uma cobrança que chega à porta de sua casa e
que como quem não quer nada te tira o sono. A ligação do banco, enlouquecido,
para que você se endivide, mas mesmo assim, “querendo que sejas feliz”. O dia
em que foste contratado para viver do/no trabalho e vida social não mais ter.
Mas acredite, mesmo que não cegamente, somos felizes nestes restos que moemos e
trituramos a cada minuto. Somos felizes por que nos enganamos, por que
brincamos de ‘ser’.
É engraçado
relatar certos fatos, já que muitos são partes dela, dessa vida tão singela,
que o homem revela a si a cada instante. Penso num “olá”, num “adeus?”,
palavras curtas, mas profundas, que geram dor ou alegria, não são apenas
palavras ditas ou são. É importante perceber que somos vistos no dia-a-dia,
perceber que um olhar que se recebe juntamente com um “OI”, “Boa noite”, é
profundo e investigador, desejoso de conhecer uma alma, que sempre se guarda,
ou apenas, se esquece dentro de si.
Não entendo a
dificuldade das pessoas com as palavras e com os “olhos nos olhos”, acho que
elas nunca mais saberão o que fazer com eles. A vida passa, melhor, o mundo
avança e a humanidade retrocede. Eu não sou uma máquina, não temos coração de
ferro, tudo é tão verdade, mas não somos humanos, não nos amamos e sempre
queremos MAIS. Prédios, carros, lojas e a pobre da “natureza morta”, quem dera
se a quiséssemos assim somente como pintura, em um belo quadro.
Nós somos um túmulo,
deixamos que cavem o buraco que não tenha fundo, que seja mudo e que ninguém pareça
ver. Penso que assim, brevemente, seremos despejados, sem dó, no fim. Seremos o
resultado do hoje, numa cova profunda e triste. Seremos o silêncio que bagunça
uma alma, que estraçalha a calma, que mantem meus pés descalços a sentir o mar.
Eu pensei que
conseguia sentir e ver as estrelas, o ar, o mar, mas estou um pouco perdida,
estou sem precisão. Estou cercada por coveiros, que não veem a hora de dar-me o
chão, de me carregar no colo e me jogar nele. Como é doce a ilusão e amarga a
vida que estamos formando diariamente. Ainda tenho a ousadia de ver uma luz no
fim do túnel, mas até ela está morrendo, está sendo enterrada, inundada, por
desejos desgraçados de “melhorar” a vida da nação.
Eu amo esta
nação. Quero o melhor para ela. Mas tenho a impressão de estar sendo hipócrita,
de ser uma assassina em séria todos os dias ao acordar. Preciso que me prendam.
Preciso que logo me amarrem, me sufoquem e não me deixem matar. Matar os
sonhos, os encantos, as fantasias que nem existem mais. Onde estão? Acho que de
tanta evolução tecnológica, foram sucumbidas. Acho que as matei.
Só quero
declarar agora que isso não é uma confissão, é apenas uma carta que escrevo
para mim mesma. Para esta louca e sã, deusa e mortal que cansa de viver, se
desespera quando tem que amar. Que é suicida e assassina ao mesmo tempo. Que
sonha e que chora ao parar o tempo. E é claro...O tempo não para.
por
Brenda Oliveira.