Quando digo que
sou poeta, não afirmo a beleza de meus textos, às vezes nem acredito que possam
ser tão belos como um dia eu os achei. Vivo num fluxo inconstante. Nem sempre
estou estonteante, nem sempre prefiro estar feliz ou até tento, mas...
Acredito que
isso que me faz escrever, é o fato de não ter a certeza de mim, nem do outro, e
encontrar a certeza num talvez. Eu me encaixo nesta caixa que não se encaixa
nos “padrões”. Sou difícil, sou menina e mulher. Sou quem eu quiser ser. Sou
sem demora a dor e a chama que outrora quiseram esconder. Sou perdida e
encontrada a cada momento que sonho, em cada momento que amo.
Eu tento tanto
e nem sempre chego lá. Lá onde, por vezes, nunca sei onde queria chegar. Eu sou
pressa e demora. Sou o meu nada exposto ao mundo, tentando ser a todo segundo um pedaço concreto de ilusão, minha ilusão. Eu prefiro não ser uma outra. Ser
EU é bem mais interessante. É bem mais emocionante construir minha vida com
muita razão, mas tirando meus pés quase sempre do chão.
Eu sou falha. Uma
brecha na porta que não consigo abrir. Quando eu paro, eu avanço, pois é neste
gesto manso que cresço e pertenço a vida que eu escolhi. Vida que se difere
pelo meu modo de ser, de pensar e de entregar-me. Eu sou bem diferente do que eu
possa parecer, mas sou igual àquilo que eu sempre quis ser.
Penso, por
muitas vezes, que preferiria ser igual a todas as pessoas, mas ao refletir e
mesmo sabendo das dificuldades da minha escolha, prefiro ser a louca que não
segue a “última moda”, seja ela de roupa, de ações, de pensamentos. Eu gosto do
meu jeito de ser. Sofro bastante por ser assim, mas na vida nada são flores e a
garantia da felicidade não se encontra em fatos que acontecem do nada e sim na
construção de um ideal.
Agora, eu estou
escrevendo pela noite, ouvindo os "grilos cantarem". Estou sentada numa cadeira,
em uma casa aconchegante, conquista da minha família. Estou
sentindo um friozinho. Estou simplesmente feliz, mas um pouco vazia?! Eu até pensei em me deixar
sucumbir pelo vazio que estou sentindo, mas nada mais justo comigo mesma do que
escrever e perceber que é através dessas letrinhas que vou seguindo a vida,
vivendo e brincando do jeito mais doce, mais louco e mais são.
Realmente: “eu
tenho tanto pra lhe falar/ mas com palavras não sei dizer”. Apenas pelo
dia-a-dia haverei de me descobrir e perceber aquilo que eu sou, aquilo que talvez eu
até tenha pensado em esconder. Apenas o convívio dirá a nós quem é está menina,
esta mulher que agora escreve, esta louca que é tão careta, tão imperfeita e
que tenta tanto conquistar a si mesma e acreditar que é capaz.
Eu quero ser
capaz de viver aquilo que sempre defendi, mesmo que essas escolhas me excluam
do mundo que o “sistema” criou. Eu pretendo nunca ter vergonha de dançar a
minha dança e assim viver, amar e ser amada, com limites respeitados e ver em
olhos a admiração pelas minhas escolhas, pelos meus atos, pois sei que aí sim
terei a certeza que tanto busquei. Sei, que essa certeza só encontrarei uma
vez.