Sinto dizer, mas a mim é
preferível o adeus...é preferível a porta fechada, sem janelas, nem válvulas de
escape. Sinto dizer que a bolha estourou... É. Meu mundo caiu. Caiu de ladinho,
de um jeitinho que até me fez bem. A verdade da vida é a poesia que ainda não
consegui escrever, talvez nunca consiga, talvez seja uma aurora perdida de um
dia que não vai nascer.
Mas acredite que as
palavras nunca foram vazias e a fantasia insistia em manter-se viva mesmo apesar
da descrença do alguém. Eu não gosto da paixão, insisto em não passar por ela,
mesmo que isto seja inevitável. Só espero que as folhas sequem antes que meu
coração transborde na loucura dos sonhos, na esperança da vida que se esgota a
cada segundo que se vai.
Morrer. Seria tão difícil
admitir esse desejo pagão? Seria certo amar para além da morte? Ou realmente
ela tem o poder da separação? Só ela? Já não entendo a sua forma de ver os
fatos. Já não quero ser um troféu na sua conquista desigual. Não quero olhar
para vida e ver que ela passou e eu fiquei, mas nem sei por que digo isso.
Viver sempre foi o meu melhor oficio e a vida sempre emprega alguém. Mesmo após
demissões ela sempre me readmitia. Acho que sou boa de papo.
Sinto por um ultimo
momento o desejo que tudo fosse mais fácil, que quem se sentisse um fracasso só
pensasse em avançar e ser aquele que um dia se quis. Sinto por nossos sonhos
desencontrados, nossas vidas que passaram, num passado que não vivi. É. É difícil
admitir que eu não participo. Eu apenas assisto os seus sonhos e torço para que
sejas feliz. Entendo que isso é tudo dentro do muito que queria expor, do nada
que eu tenho para dar e de nada que eu queria que fosse.
Num susto eu vou me
retirando, mas a câmera lenta esta ligada e meus movimentos vão sendo amarradas
por uma força que não pertence a mim. Eu não consigo chegar à porta, eu já não
vivo aqui.
por Brenda Oliveira.