Imagem: Alba
Passado e
presente unidos. Esquinas e vilas perdidas. Solidão e presença contida. O
primeiro olhar, o primeiro medo de perder. O olhar que transfere além da verdade,
uma alma serena e de pura arte. A artista que gela, que sofre e que por
momentos sai de órbita. Esqueceu-se como andar, como se portar.
O que é certo
parece ser o pior dos enganos. Pois a vida vai passando e a distância só aumenta.
Doce essência que destrói, que constrói e que faz ela se perder. A arte que um
dia quis ser, agora é dúvida. A mais bela rosa do jardim foi arrancada e os
ferimentos que os espinhos deixaram, serão difíceis de cicatrizar.
Tudo parece ser
tão certo, mas nem ela entende tamanha certeza. Seu coração ainda é calma, mas
algo em sua alma a fez chorar. Acredito que precisará de muitos dias, talvez
anos para entender essa “quase” ou verdadeira dor. Lágrimas lançadas na doçura
e calmaria das águas, que fingem tranquilidade para conseguirem se sustentar.
Como entender
um ser artista que tanto se entrega e se livra do apego com o ar, com o mar,
com a vida? Há tanta doçura e poesia que ela se sente perdida, sufocada e por
amor busca o “querer” de sua entrega, busca por este mesmo amor, ser roubada,
sequestrada, encarcerada e jamais encontrada por outro alguém que não seja
ele...
A arte não
conseguiu entender a chegada e a partida. Nem os maiores dos artistas conseguiram fragmentar, deformar e entender este estado de coragem e covardia em que ela se
rendia, mesmo quando tentava fugir. Pouco tempo para tanto tempo querendo
estar, simplesmente estar. Pareceu uma vida perdida, os segundos sem encontros.
Ela não quer viver o adeus, prefere a presença, o presente, o poder.
Já quase próximo
de tudo vir a ser passado, ela sofre as escondidas e revela um sorriso, um doce
riso, sem vontade de ser feliz. Tudo ao redor passa, o passado
passa mais de uma vez e essa história passará, mas a arte é um bloco de gelo,
há de fazer parar, só não se sabe quando. O momento que a presenteia será o
ladrão de segundos mais tarde, será uma dor de verdade que a transformará num
abismo sem fim.
Ele pode pensar
que não seja verdade, que seja apenas vaidade, mas quem sabe o que se vive por
cá? Quem sabe o que se quis saber? Como se quis amar? Não há como entender o
por que da alma, não há como saber... não há o que saber. Apenas sentir o
momento da despedida, a dor da partida, um dia que ela não conseguiu viver. Um dia que fique na esperança do reencontro.
por Brenda
Oliveira.