Saudade das pessoas que
passaram pela minha vida e levaram pedaços de mim e me montaram com pedacinhos
seus. Recortes dos sorrisos, das manias, dos fatos conduzidos por estes
“alguéns”. Eu admito que passei um bom tempo sem escrever. Passei um bom tempo
dormente, eu não estava conseguindo montar o meu quebra-cabeça. Sinto que ainda
estou incompleta, mas a vontade de ver em qual imagem me transformarei é bem
maior.
Reparem que sempre procuro
falar de sonhos, de amores, de flores e de saudades que tenho, que tive e que
ainda vou ter, falo disso tudo porque no fim, muito não foi vivido por mim
ainda. Meus sonhos nem sempre se concretizam, nem quando estou dormindo. Meus
amores são sempre impossíveis, vão além do que o mundo real pode me oferecer.
As minhas flores tem muitos espinhos e claro, algo tinha que ser real: a
saudade.
Nos pedaços que fui
deixando cair, caiu junto: a poesia que um dia eu tinha e por isso conseguia
escrever. Temo que esse deserto continue e que o calor só dure pela manhã e
durante a noite, quando eu mais pensar em sorrir, o frio me faça serenar e meu
comportamento esteja restrito a leve tremedeira e a impossibilidade de
caminhar, produzir, montar a mim mesma. Essas pessoas ajudaram a criar um ser
ao qual não me identifico ou me identifico tanto a ponto de temer tal
semelhança.
Eu perdi minha identidade,
de fato, a normal que tiramos na secretaria de segurança pública, mas acredito
que isso tenha sido um sinal, pois a minha identidade, cadê?! Cadê as curvas
nos meus dedos, os riscos nas minhas palmas. Creio que tudo foi se desmanchando
igualmente a minha paixão por mim. Ai pessoas... só as suas digitais que
insistem em ficar, vocês gostam de me fazer chorar e por segundos acreditar que
tudo vai dar certo e que a poesia que a tempos morria, ressuscitará.
Passos feridos em tempos
de conflitos internos, externos, meus, seus, do mundo. Está a cada dia mais
difícil entender os dias que não mais conseguirei ver tantos dentre aqueles que
me marcaram. É difícil admitir que não consiga mais ver. É terrível não
conseguir seguir os rastros e chegar ao réu culpado da minha desilusão. Mas é
bom deixar claro que a juíza sou eu, e que o tribunal está um tanto sem ordem e
que eu por negligencia estou deixando os culpados partirem sem necessidade de
cumprir pena. E o que me resta? Ter pena de mim mesma!
por Brenda Oliveira