Ser professor vai além de querer, pois nem tudo que queremos
podemos ter/ser. Até entendo que essa frase é um tanto dura, mas já nem sei
mais o que pensar. Ao entrar numa sala de aula, numa quinta-feira qualquer
percebi mais uma vez o quanto a educação está decadente, está órfã. É. Eu sei
isso não é de agora, mas só sente o baque, só cai na real aquele que se coloca no
lugar de professor. Você que apenas ouve falar, nunca vai sentir a vontade de
chorar e o desespero de não se achar capaz de mudar essa realidade tão absurda
na qual vivemos.
Já diz muito bem o ditado: “Educação vem de berço” e é verdade, mas
infelizmente acho que as crianças não despertaram do berço ou nunca dormiram em
um. A família faz pouco caso e monstros vão sendo criados para engolirem a
quem? Aos próprios pais e àqueles que tanto estudaram e estudam para dar o
melhor de si numa sala de aula. Não é que o barulho incomode tanto um professor
ao dar sua aula, mas o barulho faz doer algo dentro dele, parte de sonhos que
um dia ele teve é ferido.
Entendo que existem muitos professores calejados, que perderam com o
tempo a força e a coragem de mudar e se renderam ao cansaço. Tenho certeza que
se eu perguntasse para aquele professor o que ele esperava daqueles alunos, ele
diria: “nada, façam o que quiser e podem manda-los embora”, eu até poderia acha-lo
um tanto arrogante e criticá-lo por ter dito, até admito que fiz isso, mas quem
sou eu?! Infelizmente não sei quem, como ou o quê roubou os sonhos dele, a
ousadia e “rebeldia” de um artista que ele é ou um dia foi.
Não entendo esse sistema educacional que trata todos como um só,
pois vejamos, cada um de nós somos diferentes, iguais na humanidade, mas
diferentes no tempo para aprender, no modo como aprender, mas ninguém está
atento para isso, apenas os números são importantes. O que interessa para o
Governo não é saber como anda o desenvolvimento dos conhecimentos do aluno, mas
sim quantas crianças e jovens estão em sala de aula, até parece que não sabem
que “quantidade não é qualidade”. Estar dentro- se tratando da arquitetura de
uma escola- não significa que lá há educação. Isso quando o espaço físico
existe.
É... naquele dia eu deixei aquela escola triste, estava pensativa,
preferi não pegar ônibus e caminhar bastante, para tentar entender até que
ponto chegamos. Desejo que não tenhamos chegado ao ponto final, mas que
tenhamos parado apenas num ponto continuando, para assim continuarmos lutando
contra este sistema absurdo que nos ensina a somar e nós exige uma
multiplicação. Lutemos ainda mais por uma educação que vem antes da escola e
que se estenda por toda vida. Aos professores peço AÇÃO, aos alunos dedicAÇÃO,
às famílias educAÇÃO, pois se continuarmos nos omitindo os números sempre serão
belos e a realidade feia demais para conseguirmos encará-la.
por
Brenda Oliveira.