Cento e cinquenta e sete dias sem escrever
são para mim, exatamente, dias sem muito sentido, sem carinho, sem encontros,
sem ilusões, sem uma vida que faça de mim uma poeta como um dia quero chegar a ser. É isso, viver sem ter tempo
para escrever o que a vida pode oferecer, me faz sofrer, chorar e pensar que
nada voltará a ser como antes, não que estar cômoda seja o certo, mas sempre
temos algo que não queremos que mude, morra ou se esqueça de nós.
Imagem: Oleg Oprisco |
Nestes dias sinto muito frio, vejo
muitas pessoas e não vejo ninguém. Sinto falta dos bons e velhos costumes
brasileiros, mesmo estando encantada com as belezas mexicanas. Mas sabe quando
nos sentimos sós, mesmo estando com muitas pessoas ao redor? Sim, isso é um
tanto triste, é desolador... Eu sinto falta da minha família, falta dos amigos,
não que eu tenha muitos, porque sei que não tenho, mas sinto falta dos poucos
que conseguem me aceitar por completo, com defeitos e virtudes. E isso é todo o
frio que sinto. Tem dias que congelo...
Tem dias que deixo de crer que, talvez,
eu seja importante para alguém. Esqueço que a pessoa mais forte dentro de mim é
a realista, pois existem dias que a única pessoa que consegue viver em mim é a
que acredita em amores eternos, encontros completos e uma arte que liberta e
não machuca a ninguém. É difícil não poder controlar a mim mesma. É difícil
crer que comigo tudo vai ser diferente de como é com a maioria. É difícil acreditar
que a vida é um ciclo se, justamente o lugar, o momento e o instante em que
quero voltar, nunca chega.
Tem dias que o tempo custa passar. Há
dias em que o tempo passa rápido demais e existem dias que eu queria parar esse
tempo louco e dizer “cansei desta prisão”, pois me sinto podada dentro desta
esfera temporal e lógica da vida. Tenho uma alma livre que pode até ser que
busque uma prisão, mas ela será prisioneira por livre arbítrio. Atualmente ela
é presidiária dos instantes fugazes, dos sorrisos recordados, dos amores
vividos e dos sonhos que estão sendo construídos. Para viver a minha vida eu
recomendo a quem queira: que veja a lua como o melhor dos amantes, o sol como o
furor dos dias, o mar como se estivesse vendo sua própria alma e permitindo que
ela se vá, ganhe o mundo e livremente seja tua. Preciso ser assim, porque
congelar dói demais.
por Brenda Oliveira.