segunda-feira, 14 de novembro de 2016

SER: estar, parecer, ficar

Hoje, eu queria conseguir escrever o que guardo dentro de mim, o que realmente anda me sufocando ultimamente, mas não sei como, não consigo encontrar palavras. Talvez, elas não existam, talvez estejam em um vocabulário perdido dentro de mim. Ultimamente ando tentando entender a utilidade da vida, o que é um tanto fora de órbita, pois a vida é um enigma quase indecifrável. Mas acredito que irei desvendá-la um dia, mesmo tendo uma quase certeza, de que será no dia de minha morte.
Às vezes não consigo entender o porquê de tantas coisas. Não consigo entender o verdadeiro sentido de “estar”. O que parece pra você “estar”? Pra mim, é uma presença mais que física, é mais que estar dentro, muito mais que estar, simplesmente, presente. Esse “estar” pra mim, vai além da presença, é pensamento também.
Muitas coisas nessa vida apenas “parecem”, parecem ser um sonho, mas em realidade não são. Parecem ser eternos, mas a eternidade não pode ser medida. Parecem ser amor concreto, para além da alma, mas não são. Parecem fazer-se presentes, mas a presença é quase sempre pela metade. Coisas que até parecem dizer EU TE AMO, mas em realidade não sabem entender o poder dessas três palavrinhas juntas. Parecem dizer que sim, mas queriam mesmo era manter um talvez.
Tem outras pessoas que dizem que querem “ficar”, mas estão sempre longe. Dizem que ficam, mas nunca estão ou eles podem até ficar, mas ficam com seus pensamentos, seus desejos, seus amores, seus prazeres, que não correspondem a você. E ao final é apenas você que sabe FICAR. É só você que fica. É só você que guarda... guarda todas as palavras carinhosamente ditas. Todas as músicas, desafinadamente cantadas, mas que mesmo assim, não deixam de ser especiais. Aí, é uma história de você consigo mesmo.
Neste dia, eu talvez esteja começando a entender que se você sempre fica...o outro sempre se vai....Se você é sim...Ele sempre será talvez.... Se você guarda... Ele esquece onde poderia ter-te deixado. Se você sempre está... O outro estará sempre seguro demais e se esquecerá que também faz parte do todo...do conjunto....E você vira sempre metade. Metade de um todo que nunca foi inteiro.


por Brenda Oliveira.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Acordei me desculpando

Hoje acordei com as vozes dos meus pais conversando e gargalhando no quintal e pensei: “que privilégio meu Deus”. Privilégio por tê-los pertinho de mim, mesmo sabendo que em algumas poucas horas eles iriam viajar e eu por alguns poucos dias ou até mesmo horas, ficaria sozinha, o que não é tão doloroso pra mim.
Ah...e eu também, depois de algumas horas abri meu instagram e vendo algumas fotos senti vontade de pedir desculpas pra mim, ou para os meus amigos, ou para o meu namorado, ou até mesmo para o mundo inteiro, tentando justificar o porquê de eu não ser o tipo de mulher super sexy que encontro por lá. Eu não sou assim, DESCULPA. DESCULPA por não andar tão maquiada, acho que a não maquiagem faz com que eu me sinta livre, pode até parecer loucura, por isso peço DESCULPAS.
DESCULPA se sou meio “torta”, se são as pequenas coisas que me fazem feliz... Se é um “bom dia, fique com Deus” ou um “boa noite, durma bem” que faz com que eu me sinta uma pessoa amada e cheia de carinhosos seres ao meu redor, DESCULPA. DESCULPA se meu conceito de atenção é outro. DESCULPA se sou uma mulher a moda antiga. DESCULPA se tenho fé e princípios a seguir, pelo simples fato de ser feliz no cumprimento deles, DESCULPA.
Pode parecer besteira, mas sinto que todos exigem de mim um pedido de DESCULPAS, por que não “sou assim”, não penso de “tal modo”. Sou feliz no que é simples, porque acredito que na minha vida tudo será diferente do que é com os outros, por acreditar no meu sonho de atriz, por pensar que as pessoas respeitam as outras e que sim, um dia, todos se colocarão no lugar um do outro, assim ninguém ferirá ninguém. Eis aqui minhas humildes DESCULPAS.
DESCULPA se não sei disfarçar quando o seu sorriso falso vem ao meu encontro. DESCULPA, se você acha que eu não sei o que você inventa sobre mim, DESCULPA. DESCULPA, por que eu tenho a consciência tranquila sobre meus atos. DESCULPA, se você não consegue ser feliz e tenta sufocar a felicidade dos outros, DESCULPA.
DESCULPAS eu também peço a mim, quando constato que contos de fadas não existem. DESCULPAS peço a mim, por amar sentir o cheiro das rosas sempre esquecendo que elas tem espinhos e que os mesmos podem um dia chegar a me ferir. DESCULPA, se pra mim as melhores fotografias estão guardadas na memória da minha alma, DESCULPA.
E mil DESCULPAS por estar pedindo DESCULPAS, isso foi apenas um conjunto de palavras que o silêncio, a calmaria e a minha alma queriam dizer. DESCULPA.


por Brenda Oliveira

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Panela DE’PRESSÃO
foto: brasilescola

Meses perdidos. Dias de desencontros. Uma solidão sem fim. Um pedaço de mim que foi arrancado ou roubado, ou eu simplesmente o comi. Por horas me sinto invadida, rasgada e ferida pelos olhares de alguém. Sinto-me sem sintomas, mas chagada, lastimada por algo que eu ainda nem sei de onde veio; qual a força e o tamanho que tem. Só sinto que a pressão vai aumentando e os gritos que eu vou soltando deixam de ser apenas sussurros e passam a machucar ouvidos, os meus ouvidos.
Sinto-me abafada pelas palavras que foram ditas, pela amizade perdida, pelo meu desejo sincero de viver, apenas viver e por isso ser culpada, presa e posta em cima da fogueira. Acredito por horas e horas que o gás que possibilitou que os fogos fossem lançados e que me fizeram queimar, baixaram por um tempo, a esperar por minha explosão que por fim não se deu, e que gerou a fome dos egos dos donos do fogo, que queriam me ver gritar e continuar parada, imóvel, padronizada.
O fogo que queima é o mesmo que parece me congelar, pois chega um momento que as dores não são mais sentidas, o grito é algo constante e a paz, por vezes perdida, é encontrada apenas nos sonhos, nos desejos de estar sobre a mesa, de gerar alegria, de fazer-me importante, de ter um sentido real de utilidade, de ser panela e não o receptáculo da pressão e muito menos um corpo disponível para a depressão da alma, da palma, do olhar.
Esse estado vazio costuma atormentar essa panela desde o despertar. Talvez ser panela já não tenha mais tanto sentido, já não seja a razão dos mais loucos vícios do viver. Talvez e somente o talvez seja a única certeza para que as novas tentativas já não sejam tão dolorosas e que os gritos gerados pela pressão sejam ouvidos e agridam os outros ouvidos e não somente os ouvidos dos dias dessa panela de’pressão.


por Brenda Oliveira