Hoje parei, simplesmente parei e assim pude olhar para o céu e ver belas
nuvens, levemente postas no ar, levemente desenhadas neste céu, mas sem brilho,
sem encanto, sofridas e detidas como que por engano. Um amar perdido e solto
como o vento, louco e sincero como o tempo.
Elas pareciam frágeis, mas eram fortes no tocar, fortes no amar.
Carregavam intensidade nas mãos, mas o céu hoje não está tão estrelado, está
pouco carinhoso, muito calmo e assim elas não conseguem amar. Só sabem amar
através do medo, através do desespero de quem não entende, de quem chora e a
faz chorar, para assim o romance ser perfeito. Nuvens carregadas de paixão em
um, talvez, peito.
A paixão é um sentimento que arrebata, que rasga e que pode até matar. É
através dela que as nuvens ousam se chocar e gritar por terem medo daquele ter
sido o último sentido, o último suspiro, pedido de amor. Por isso, as vezes
preferem amar como hoje, no silêncio perdido, com abraços quase sem sentido,
para que o outro não sinta dor e o céu seja o caminho para as estrelas.
Estrelas que hoje parecem estar tímidas, contidas. Estão como olhos
perdidos em transe, mergulhados em sentimentos vãos. Olhos opacos. Estrelas que
caem ao chão por estarem tão cheias de emoção e não conseguirem suportar os
amantes que por ali estão. Não conseguem se quer perder o hábito de só quererem
brilhar, sem respeitar o romance que não as pertence, mas que as esconde e que
as entende.
É no vazio da noite, devido a um silêncio embutido no sorriso alheio,
que elas escondem seus toques, seus sons, suas sensações, para que a calma pareça
rara, como assim é, entre nuvens que se tocam apenas quando as estrelas se vão,
pouco antes do amanhecer, segundos antes delas terem que desaparecer ou fingir
indiferença. Essa é a realidade deste céu, uma beleza que não permite o amar.
por Brenda Oliveira.